Com a aproximação das férias de verão, muitas pessoas já começaram a se planejar para realizar viagens durante o tão sonhado período de descanso. Um dos pontos a levar em consideração ao realizar viagens de trem, aéreas e rodoviárias de longa duração é o risco de desenvolver uma trombose, doença que ocorre quando um coágulo se forma dentro de uma veia, comprometendo o fluxo sanguíneo. Erich de Paula, médico hematologista e professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica porque isso acontece, quais são os principais sintomas da trombose e formas de prevenção.
A trombose é caracterizada pela obstrução de um vaso sanguíneo por um coágulo, também chamado de trombo, podendo afetar tanto o sistema arterial quanto o venoso. “O tipo mais comum de trombose é a trombose venosa profunda (TVP), que ocorre quando o trombo se forma em uma veia profunda das pernas, causando dor, inchaço e mudança de coloração da área afetada”, explica Erich de Paula. Uma das principais complicações da trombose é a embolia pulmonar (EP), que ocorre quando o trombo se solta e chega até os pulmões através da circulação sanguínea. Neste caso, a função de oxigenação do sangue é comprometida, causando falta de ar e podendo até mesmo ser fatal.
Segundo o médico hematologista, a trombose pode ser desencadeada por diversos fatores, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, imobilização, uso de contraceptivos orais a base de estrógeno, gestação, puerpério (período de resguardo ou quarentena), tendência familiar, entre outros. “Viagens de longa duração também são consideradas um fator de risco para o desenvolvimento de trombose, uma vez que combinam diferentes elementos que tornam o passageiro mais propenso a desenvolver um coágulo sanguíneo. Deixar de movimentar as pernas por muito tempo, desidratação e pressurização do ambiente são alguns dos fatores que contribuem para este quadro”, afirma o professor.
Movimente-se e previna-se de coágulos sanguíneos – Viagens longas nas quais os passageiros ficam várias horas sentados, sem se movimentar, podem contribuir para a ocorrência de trombose. “A principal recomendação para evitar este quadro é se movimentar de vez em quando durante a viagem. Por exemplo, no trem ou no avião, uma opção é o passageiro se levantar do assento e andar pelo corredor ou fazer movimentos de flexão dos pés. Para viagens de carro, o ideal é fazer uma parada a cada duas ou três horas para andar um pouco e esticar as pernas”, recomenda Erich de Paula, que acrescenta ainda que em alguns casos de maior risco, os médicos podem recomendar o uso de anticoagulantes em doses baixas, para prevenção. Isto geralmente se aplica a pacientes que já apresentaram trombose prévia”, explica.
De acordo com o médico, também é recomendado manter-se hidratado durante a viagem, uma vez que o baixo consumo de líquidos pode contribuir para a diminuição do volume sanguíneo, facilitando a formação de trombos. Além disso, evitar roupas apertadas nas regiões da cintura e das pernas facilita a circulação sanguínea, bem como evitar deixar as pernas cruzadas durante o trajeto.
“Apesar de ser uma doença comum, muitos desconhecem as causas e fatores de risco do tromboembolismo. Pensando nisso, no dia 13 de outubro é lembrado o Dia Mundial da Trombose para aumentar a consciência sobre a enfermidade”, pontua o especialista. “A trombose é uma doença perigosa, mas que pode ser evitada a partir do conhecimento sobre os fatores de risco e formas de prevenção. Além das recomendações específicas para pessoas que pretendem viajar, a adoção de um estilo de vida saudável, com prática exercícios, alimentação balanceada e acompanhamento médico são ações que também auxiliam na prevenção da trombose,” conclui o Dr. Erich.
O médico alerta ainda que pessoas que já apresentaram tromboses ou que possuem histórico familiar devem tomar ainda mais cuidado em relação à doença. “Realizar acompanhamento médico regular é essencial para avaliar a adoção de medidas preventivas adicionais, como o uso de meias elásticas ou anticoagulantes profiláticos”, finaliza o médico hematologista.