A ansiedade é uma resposta natural do corpo humano para várias situações do cotidiano. Mas quando causa um sofrimento exagerado e significativo, pode ser uma indicação de um transtorno mental que precisa de tratamento. E aí entra um aspecto importante: a automedicação, envolvendo medicamentos controlados já inseridos no contexto familiar do doente, para tratar sintomas de ansiedade e depressão.
Para se ter uma ideia, o uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos aumentou nos últimos anos. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostrou que em 2020, durante da pandemia da Covid-19, as vendas de antidepressivos e estabilizantes de humor aumentaram 14%. A OMS apontou que, em 2019, o Brasil era o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo.
A Profa. Dra. Viviani Milan Ferreira Rastelli, do curso graduação em Farmácia da Universidade Cruzeiro do Sul, acredita que a ansiedade seja o mal da sociedade moderna pelo imediatismo e pela sobrecarga que os avanços tecnológicos causam, como a hiperconectividade. “Quanto mais nossas atividades são facilitadas pela tecnologia, mais nos sobrecarregamos e ficamos cada vez mais sem tempo para nós mesmos. Essa é a principal razão para que as pessoas se mediquem por conta própria”, afirma.
Todo medicamento possui efeitos indesejáveis e, quando ingerido de forma incorreta, pode causar mais malefícios que benefícios ao organismo. Exemplos são o uso indiscriminado de antibióticos, que vem gerando uma resistência bacteriana, o que compromete a eficácia dos tratamentos. E, no caso de ansiolíticos ou antidepressivos, ser completamente ineficaz, já que não há um acompanhamento multiprofissional com psiquiatras, psicólogos, profissionais de educação física, entre outros.
“A automedicação pode mascarar sintomas de casos mais graves, podendo levar ao aparecimento de efeitos adversos em decorrência das interações medicamentosas; e muitas vezes pode amenizar somente os sintomas sem tratar a causa da ansiedade”, ressalta.
Ainda, Rastelli ressalta que todo e qualquer distúrbio psicológico deve ser acompanhado por profissionais qualificados. “A pessoa que se sente ansiosa deve procurar um terapeuta que a ajudará na identificação da causa de sua ansiedade. Se for necessário, será encaminhada para um psiquiatra que fará a prescrição de medicamentos. Poderá utilizar de terapias ocupacionais, dança e medicina integrativa para auxiliar nesse processo”, finaliza.