O desamparo deu lugar à esperança quando Felipe encontrou uma chance de sair das ruas e voltar a trabalhar. “Durante o período em que estive nas ruas consumia muito álcool e drogas. Morei nas ruas do centro de São Paulo e cheguei a viver em uma ocupação irregular, na mesma região”, relembra. Hoje, aos 46 anos, Felipe Cabrera trabalha como auxiliar gráfico, é casado e tem uma casa para morar. Uma vida muito diferente da que tinha há 7 anos.
Essa transformação teve início em 2016, quando Felipe encontrou na paróquia de Nossa Senhora Achiropita, em São Paulo (SP), uma oportunidade de abrigo e alimentação. Passou a frequentar o local diariamente para tomar café da manhã e se ofereceu para trabalhar, ajudando na rotina. Foi durante esse período que conheceu o programa de voluntariado Transformando Vidas, da FTD Educação, empresa de soluções educacionais que, em parceria com a paróquia, oferece oficinas de capacitação para auxiliar na inserção da população em situação de rua no mercado de trabalho.
“Após algum tempo ajudando, recebi uma oportunidade por meio da agência de temporários da FTD Educação, para trabalhar na gráfica, e aceitei na hora. Depois de três meses, abriu uma vaga efetiva por lá, e não pensei duas vezes. Minha vida começou a mudar muito, pois antes não tinha um endereço fixo, e consegui alugar uma casa. Conheci minha esposa na empresa e estamos casados há 7 anos”, relembra Felipe.
O programa surgiu em 2016, quando o Comitê da Pastoral da FTD Educação iniciou um trabalho social com a população de rua. Firmaram parceria com o Centro Social Dom Orione da Igreja Achropita, oferecendo oficinas para capacitar e integrar essa população ao mercado de trabalho.
“Nosso programa de voluntariado é mais do que estender uma mão em um momento difícil, ou realizar uma ação pontual em uma determinada época do ano. Poder trilhar um caminho com pessoas em situação de vulnerabilidade é uma dádiva que a FTD Educação nos dá a honra de seguir”, destaca a analista de responsabilidade social da FTD Educação, Vivian Malzone.
Projetos que ressignificam vidas
Outra história de transformação é a de Lorraine Alves, de 23 anos. Diante de uma realidade financeira que não permitia sonhar com a universidade, a jovem de Curitiba (PR) encontrou no Processo Seletivo Especial Vila Torres a oportunidade de ingressar em um curso superior. “Fazer uma faculdade sempre foi um sonho, mas, por conta das limitações financeiras da minha família, eu sabia que seria muito difícil”, afirma
O projeto social do Grupo Marista, voltado para moradores da comunidade Vila Torres, uma das maiores e mais vulneráveis da cidade, oferece bolsas integrais de graduação na PUCPR, universidade do Grupo localizada ao lado da vila, onde Lorraine mora desde que nasceu.
Iniciado em 2020, o projeto visa promover a formação de jovens, destinando um número maior de bolsas até 2024. Lorraine se candidatou para o processo em 2020, mas não passou na prova. Em 2021, tentou novamente e foi surpreendida com a notícia de que foi uma das selecionadas, garantindo uma bolsa integral para cursar Design na PUCPR.
“Foi a melhor notícia da minha vida! Para nós, da comunidade, é muito difícil conseguir uma oportunidade como essa. Então quando me ligaram dizendo que eu havia passado, eu pensei: ‘Isso vai mudar a minha vida!’”, comenta a estudante.
A especialista em Identidade Institucional da PUCPR e uma das responsáveis pelo processo seletivo e acompanhamento dos bolsistas, Franciane Viveiros Balbino, destaca que projetos como esse têm impactos positivos que vão além do número de jovens contemplados. “Percebemos, acompanhando esses jovens e analisando todo o contexto, que o fato de alguns deles conseguirem frequentar uma faculdade gera na comunidade um estímulo para que outras pessoas ali também passem a enxergar na educação uma forma de evolução pessoal, social e econômica”, analisa Franciane.
Lorraine utiliza o próprio exemplo para estimular outras pessoas do seu entorno. “Eu tento mostrar que a educação é o caminho para nossa evolução e desenvolvimento, que as oportunidades podem surgir quando menos esperamos e que devemos estar prontos para aproveitá-las”, completa.
Sustentabilidade corporativa com impacto social
Ajudar pessoas como Lorraine e Felipe a terem oportunidades melhores na vida tornou-se uma das metas de empresas que compreendem que o impacto social nas comunidades onde estão inseridas está diretamente relacionado ao conceito de sustentabilidade.
Para a diretora de Relações Institucionais e Governamentais do Grupo Marista, Carmem Murara, a sustentabilidade corporativa deve ser entendida como um novo modo de pensar e fazer gestão, considerando aspectos como ética, diversidade, cuidado com o meio ambiente e atenção especial às pessoas, dentro e fora da empresa. “O cuidado com as questões sociais precisa fazer parte das ações e da rotina de uma organização”, afirma Carmem.