O próximo dia 27 de julho marca o dia do motociclista. A data é uma oportunidade de alertar sobre a importância da segurança no trânsito especialmente no Brasil, onde a frota de motocicletas cresceu 78% em uma década, também se faz necessário o uso de tecnologias para reduzir acidentes e infrações.
Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) de setembro de 2023, uma em cada três cidades brasileiras têm mais motos registradas do que qualquer outro tipo de veículo motorizado, por ser um veículo de baixo custo comercial, de fácil mobilidade e praticidade, sendo útil em cidades com grande tráfego terrestre. A Senatran aponta ainda, que o total de motos nas vias brasileiras subiu de 18 milhões, em 2013, para impressionantes 32 milhões em 2023, representando um salto de 78% em uma década.
Dados atuais da FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, mostram que o número de motocicletas emplacadas entre os meses de janeiro a junho de 2024 é de 932.940, um aumento de 18%, se comparado com 2023, quando 779.719 motocicletas foram emplacadas.
Para que se tenha ideia em 13 estados brasileiros a frota de motocicletas é maior do que a de outros veículos, segundo o Relatório Dados do Setor de Duas Rodas 2023, da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Nos estados do Amapá, Amazonas, Pará, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Minas Gerais existem mais motocicletas do que condutores habilitados na categoria A.
Paralelamente a isso, mais de 1 milhão de pessoas foram internadas no Brasil, vítimas de sinistros envolvendo motos, em 2023, segundo informações do Ministério da Saúde, o que representa um aumento de 32% nos últimos dez anos.
Enquanto os carros oferecem uma estrutura mais sólida e segura ao redor dos ocupantes, as motocicletas expõem diretamente o condutor e o passageiro aos riscos do ambiente viário e, em caso de acidentes, os ocupantes de motocicletas enfrentam uma probabilidade 26 vezes maior de falecer do que os condutores de automóveis.
Dados como estes fazem com que cidades e estados brasileiros busquem meios de reduzir infrações e a tecnologia, aliada a inteligência artificial, têm sido fundamentais para evitar acidentes com veículos e motos.
A tecnologia chamada doopler, por exemplo, permite registrar e capturar a imagem do veículo e da moto em qualquer local da via.
“É possível capturar instantaneamente a imagem da moto, inclusive entre faixas, permitindo a perfeita identificação quanto à marca, modelo, placa, local, data e horário da infração e, adicionalmente, pode gerar um vídeo, tornando o registro ainda mais incontestável”, explica o especialista em mobilidade, Guilherme Araújo, que também é diretor-presidente da Velsis, fabricante de tecnologia em trânsito.
Os equipamentos – instalados em cidades como São Paulo, Curitiba, Salvador, Anápolis e nos estados do Pará – detectam ainda transporte irregular em motos, falta de capacete, conversões proibidas e retornos irregulares.
“Todas as informações geradas pelos sensores permitem aos agentes públicos monitorar e avaliar comportamento e tendências de comportamento dos condutores, inclusive das motos, bem como autuar – se houver desrespeito e legislação vigente”, explica Guilherme Araújo.
Número de infrações por motos
Dados registrados pelos equipamentos da Velsis em Curitiba, Espírito Santo, Salvador e Anápolis mostraram que um alto percentual de motociclistas ainda atua de forma imprudente no trânsito. O monitoramento registra apenas atitudes que podem ser tornar infração, após a validação dos agentes de trânsito.
Em Curitiba – município que conquistou o prêmio internacional de cidade inteligente – foram registradas 1,22 milhões de capturas de imagens de comportamento irregular dos motoristas no trânsito entre julho de 2023 a junho de 2024.
Destas, 450.76 foram cometidas por motociclistas, o que representa 37% do total. Em 2024, até o começo de maio, já são 10.031 acidentes registrados. Já o número de vítimas fatais, que em 2011 foi de 310, caiu para 166 em 2022 – uma redução de 46,5% no período.9 de mai. de 2024
O diferencial do sistema de monitoramento são equipamentos não intrusivos (doppler) de detecção de veículos e parte do programa Muralha Digital, da prefeitura de Curitiba
“É uma das tecnologias mais avançadas do mundo e os sensores que empregamos têm alcance de centenas de metros, monitorando todo o trajeto percorrido pelo motorista, seja mudança de faixa, conversões bem como alteração de velocidade ao longo de toda a região monitorada”, reforça Guilherme Araújo, diretor presidente da Velsis, empresa responsável pela instalação de 135 equipamentos na região Sul de Curitiba.
No estado do Espírito Santo – que passou a monitorar as vias com equipamentos contendo câmeras de alta definição, aliado aos medidores de velocidade – foi possível detectar que das 305 mil infrações de trânsito contabilizadas entre julho de 2023 e junho de 2024 – 40% foram cometidas por motociclistas.
Para reduzir as infrações, o estado lançou o projeto Cerco Inteligente que conta com um sistema formado por 900 câmeras, instaladas em 290 pontos de fiscalização, incluindo as divisas do Estado, e que monitoram cerca de 1650 faixas em vias e rodovias. Os equipamentos são dotados de softwares que também conseguem emitir dados como a tentativa de motociclistas driblar o radar pela calçada, parada sobre faixa de pedestres, avanço de semáforo no vermelho, fluxo em contramão, ultrapassagem e conversão proibida.
Na cidade de Anápolis, em Goiás, entre julho de 2023 e junho de 2024, foram contabilizadas 589,57 mil infrações, sendo 127,38 mil ocasionadas por motociclistas e 56% delas referente a excesso de velocidade.
Já a cidade de Salvador representa um avanço no Brasil no que se refere a reduzir o número de acidentes no trânsito. Foram contabilizadas 808 mil infrações – entre julho de 2023 a junho de 2024 – mas apenas 7,49% atribuídas às motocicletas.
Desde 2016, Salvador tem a menor taxa de mortes por 100 mil habitantes no trânsito e a redução foi conseguida mesmo com aumento da frota de 31% no período. Em 2018, sua taxa foi de 3,99 – número que, segundo a OMS, equivale ao da Dinamarca e 55% menos letal do que em 2011.